domingo, 9 de setembro de 2012

Últimos sete dias de vida


Dia 13 de Setembro vai fazer 16 anos da morte de Tupac e o 2Pacfan Blog trás este texto publicado em 2010 pelo slupmi.zip.net que narra os últimos 7 dias de vida de Tupac Shakur, desde o momento em que acabou a luta de Mike Tyson até o momento em que o médico desceu ao saguão do UMC para avisar a todos os presentes que o coração de Tupac Shakur não batia mais.



 Pronto Para Morrer!

Dia 1: Sábado, 7 de Setembro – Mike Tyson é o herói dos bandidos. Um homem poderoso mas vulnerável, safo mas ingênuo, está de pé em um lugar precário apesar de sua riqueza. Esse lugar é especial no coração dos bandidos. Uma luta de Tyson é uma festa de gangstas não oficial. É onde a elite do gueto se encontra: negros ricos com nada a perder, se entregam aos vicios.

A expectativa cresce a medida em que várias pessoas vão lotando o MGM Grand nessa noite quente em Las Vegas. Do lado de dentro, malandros como Stacey Augmon, New Edition, Gary Payton, Too Short e Run-DMC tomavam seus lugares. Entre esses gangstas, bandidos, jogadores, traficantes e estrangeiros na seção VIP estavam dois dos mais infames da America: Marion “Suge” Knight CEO da Death Row Records, e o rapper ganhador de cinco discos de platinas Tupac Shakur.


 Suge Knight e 2Pac assistindo a luta

O sino toca, e Mike Tyson não tem muito trabalho para derrubar o azarado Bruce Seldon. Muito rápido para o gosto da platéia. A platéia está chateada pela luta de 1:49 segundos, mas Tupac está feliz, pulando como uma criança. “Você viu o que o Tyson fez com ele? O Tyson acabou com ele! Vocês viram?" dizia Tupac, falava na frente de um monte de cameras no saguão do MGM Grand. Ele ficava mais e mais animado enquanto ia falando sobre Tyson. “Vocês viram aquilo? 50 socos! Eu contei, 50 murros! Eu sabia que ele ia acabar com ele. Somos maus pra caramba. Saimos da cadeia e agora controlamos tudo.” Suge, rindo das palhaçadas de Pac, o segura pelo braço e o tira da frente das cameras.

Tupac retorna ao seu quarto no Hotel Luxor, um hotel preto imenso em formato de pirâmide com o topo iluminado. De acordo com um amigo que estava com ele, ele estava um pouco nervoso porque não encontrava seus parceiros, os Outlawz, que deveriam estar na luta com ele. “Ele estava nervoso também devido a uma treta com um Crip”.

 

De volta a saida do MGM, um camera amador filma Pac e Suge esperando por seus carros, cercados por algumas mulheres. Tupac havia trocado a camisa laranja de seda que ele usou na luta por uma preta de basquete que melhor expoem suas tatuagens e o medalhão encrustado com rubi pendurado em seu pescoço. A sua frente um anjo os aguarda, de asas abertas, pistola na mão.

O último rolê

“É hora de dar um rolê / estou pronto pra morrer essa noite / não ligo pra suas vidas / é o que eles gritam enquanto me fuzilam / mas é dificil me matar, então manda bala.” – 2Pac – Ambitionz az a Ridah

23:15 da noite. Suge e Pac se encontram no cruzamento ada Las Vegas Boulevard se direcionando para a Flamingo, indo para o leste para o Club 662 de Suge knight em uma BMW 750 preta, provavelmente para fazer uma festa. Várias mulheres em um Oldsmobile acenam para Pac e Suge. Suge está no volante e Pac ao lado, vidro abaixado. Ele está todo sorrisos, gritando para os fãs, os convidando para a festa. Liderando um comboio estimado entre seis e quinze carros, a BMW para em um farol vermelho em frente ao Hotel Maxim – um pouco a frente da Strip, onde acaba os neons e a algazarra e a escuridão de uma cidade deserta se inicia.

Um Cadillac branco modelo antigo com placa da California para ao lado da BMW. Um de seus passageiros saca de uma pistola de grosso calibre. “Eu ouvi o sons e pensei que alguém estava atirando pra cima, mas então eu vi faiscas saindo da arma”, disse uma testemunha que estava três carros atrás. Entre 10 e 15 tiros foram disparados. As balas perfuravam o metal, os vidros e carne. Duas balas atravessam o peito de Tupac, uma pela mão, outra na perna. Uma tiro de raspão acerta a cabeça de Suge Knight. O Cadillac parte para a direita, descendo a Koval Street. Com dois pneus furados e o para-brisas quebrados, Suge arrasta sua BMW, dando uma meia volta no meio do tráfico enquanto os outros veículos fugiam.

A BMW depois dos tiros

Dois policiais que estavam no hotel Maxim atendendo outra ocorrência ouviram os tiros e viram a comoção. Eles imediatamente sairam em perseguição da BMW. De acordo com um amigo de Suge, que contou os detalhes mais tarde, Tupac sangrava pela camisa. “Você tem que manter os olhos abertos”, Pac dizia para si mesmo. Suge para o carro e a policia chega. Tupac está esticado no banco de trás sangrando muito. As sirenes da ambulância se aproximam. “Havia sangue pra todo lado”, disse uma testemunha.
“No chão” grita um policial, apontando a arma para Suge Knight.
“Eu tenho que levar meu mano pro hospital,” diz Suge.
“Cala a boca. No chão!” Suge fica de joelhos.

Kadafi algemado

Do outro lado da cidade, um Cadillac branco foge tranquilamente no silêncio da noite. “Estou morrendo, estou morrendo,” dizia Tupac enquanto era levado para a UTI do University Medical Center. Ele perdeu muito sangue. Ele passa da primeira de duas complicadas operações. Mais tarde, a mãe de Tupac, tia e alguns amigos – incluindo Mike Tyson, Jasmine Guy e Jesse Jackson chegam ao hospital.

Dia 2: Em poucas horas o mundo todo fica sabendo dos tiros. Dois anos após o primeiro atentado contra sua vida, o Lazarus do Hip-Hop levou mais tiros e ninguém mais sabe o que pensar. Será que ele vai morrer? Será que ele vai voltar mais forte, mais invencível? É dificil imaginar com ele deitado imobilizado. Esse, apesar de tudo, é o mesmo homem que trocou tiros com policiais nas ruas de Atlanta e saiu do tribunal ileso. O mesmo homem que sobreviveu a cinco tiros em 1994 na emboscada da Times Square. O mesmo homem que, mesmo condenado por abuso sexual, saiu de uma cadeia de Nova Iorque mais rico e mais popular do que quando ele entrou. “Pac vai ficar bem, ele vai sair dessa,” diz um parente.
Como era esperado, a midia começa a citar o gangsta, os processos, as prisões e as letras bandidas que Bob Dole condenou. Mas seus amigos contam outras histórias. “Eu sempre me lembro dele como uma pessoa graciosa, humanitário. Toda essa coisa gangsta, eu nunca vi isso nele. Eu me lembro dele dançando com uma mulher que usava cadeira de rodas por quatro horas enquanto todos os outros bebiam e comemoravam. Foi assim que eu conheci o homem. Ele era um individuo sofisticado: inteligente e articulado,” disse Russell Simmons, co-fundador da Def Jam.

“Ele se parece com um anjo negro adormecido,” disse um amigo próximo após visitar Tupac. “Eu falei com ele, toquei nele. Eu falei para ele seguir sua luz.”

Os membros da banca de Suge são questionados pela policia, mas fornecem poucas informações. O Sargento Kevin Manning do Departamento de Policia de Las Vegas (LVPD) disse, “Eles não foram muito sinceros,” sobre as circunstâncias do atentado.

Dia 3: Temendo violência por parte das gangues, as autoridades aumentaram a segurança. Entre os seguranças do UMC, LVPD, seguranças da Death Row, pra todo lado da sala de traumas o que se vê são distintivos, musculos e walkie-talkies. Do lado de fora, um carro do Channel 3 vai sair e explode o motor duas vezes e todos se jogam no chão. As 20:00 hs a policia e a turma de Tupac começam uma discussão que resulta em várias pessoas algemadas e detidas pela policia. O sargento da LVPD Cindi West disse que tudo foi “um mal-entendido”.


Os rumores começam a se espalhar. Dependendo da pessoa que você perguntar, ou Tupac está a caminho do necrotério ou na UTI fumando um baseado. Na verdade, ele está vivo com sérios problemas respiratórios. Os cirurgiões decidem fazer uma segunda operação e removem o pulmão direito que havia sido perfurado. “Você pode viver com 1 pulmão,” disse Dr. Jonathan Weissler, “e após um tempo você nem vai mais perceber a diferença.”

Após horas de inconsciência, Tupac abre os olhos rapidamente. Todos ficam empolgados.

Dia 4: Todos os ouvidos estão voltados para o Hip-Hop. Reporteres exagerados demais sugerem que o tiroteio tem conexão com a guerra entre East Coast – West Coast. Alguns especulam que tenha a ver com as gangues. Entre os suspeitos aparecem os nomes de Notorious B.I.G. e Mobb Deep (que estão em uma treta lirica com Tupac), Las Vegas Crips, Los Angeles Crips, até mesmo funcionários da Death Row. Um dos artistas da Bad Boy recebe ameaças de morte, e a gravadora com base em Nova Iorque cancela todos os shows de seus artistas.

“Dizer que esse crime tem algo a ver com gangues é pura especulação,” disse o Sargento Manning. “Temos que seguir os fatos.” Toda a organização Death Row, de acordo com um empregado, estão proibidos de falar qualquer coisa, ordem dada por seus superiores. LVPD, frustada com a falta de cooperação da banca de Tupac reclama com a imprensa. “O problema é falta de cooperação. Fico surpreso já que eles tem seguranças profisionais, e nenhum deles conseguem dar uma descrição precisa do veiculo,” disse Manning. Nesse meio tempo Suge Knight, que tinha sido liberado do hospital com um pequeno corte na cabeça não é encontrado em lugar nenhum.

Na sala de traumas há muita meditação e orações. A tia de Tupac, Yaasmyn Fula, uma mulher alta, retira os óculos e limpa as lágrimas. "Eu estou muito cansada, de verdade," ela diz calmamente., Afeni Shakur, 50 anos, uma mulher pequena e de uma graça formidável, parece estar do mesmo jeito. A antiga Pantera Negra a quem Pac chama de Mama parece carregar o peso do mundo em seus pequenos ombros. A hora de visitas acabou e ele retorna para um descanso de uma ou duras horas. Pac continua em estado critíco.

Os membros da familia em silêncio entram em um Chrysler azul. Um homem velho abraça Afeni, e ela se inclina no banco enquanto o carro parte em disparada.


Dia 5: O noticiário da manhã traz noticias de um assassinato em Los Angeles. Um segurança de Compton, que a policia diz estar conectado com os Southside Crips foi baleado em seu carro e morreu no Martin Luther King Jr. General hospital. Os rumores são de que o homicidio é uma retaliação pela morte de Tupac. “Alguém veio com o carro e furou ele todo,” disse o detetive Mike Pariz do Departamento de Policia de Los Angeles (LAPD). “Isso é só o começo, a guerra entre as gangues vai começar,” disse um residente de Compton.
Suge aparece no LVPD para interrogação. Os investigadores pegam o video do MGM gravado na noite da luta de Tyson, onde mostra Tupac e outros confrontando um homem negro desconhecido vestindo jeans e uma camisa. “Isso aconteceu aproximadamente as 20:45 hs,” disse Sargento Manning. “Chutes e socos foram desferidos.” A policia não informa se foi Tupac ou Suge que bateu no homem. Assim que a policia chegou no saguão do MGM e perguntou se a vitima queria apresentar queixa. Ele (Orlando Anderson) respondeu “Esquece isso” e foi embora. Os oficiais nem pegaram o nome dele. “Não há motivos para acreditar que todos esses incidentes estão conectados,” disse Sargento Manning.

Foda-se o Sargento Manning!!!

Dia 6: Tupac, com os olhos fechados e um pulmão só restando luta por sua vida. Ele está ligado a um aparelho para ajudar a respirar, seu corpo entra em convulsões violentas certos momentos. Os doutores o induzem a um coma por temer que Pac possa ferir a si mesmo. Dr. John Fildes, diretor do Hospital diz que Tupac tem 20% de chances de sobreviver. “É um ferimento fatal. Ele pode morrer por falta de oxigênio ou sangrar até morrer.” Apesar dos noticiários dizerem TALVEZ TUPAC NÃO SOBREVIVA, a familia continuava com esperanças.

Dia 7: “Aqui é Dale Pugh, diretor de marketing e relações públicas do University Medical Center,” dizia uma voz em uma secretária eletrônica do hospital. “Essa mensagem foi gravada aproximadamente as 17:15 hs na Sexta-Feira, 13 de Setembro. Tupac Shakur faleceu no UMC aproximadamente as 16:03. Os médicos disseram que a causa da morte foi falha respiratória e falha do sistema cardiopulmonar.”


De repente um silêncio no hospital, uma calma surreal. As contradições das muitas palavras de Tupac estão se convergindo. Mais de 150 pessoas estão do lado de fora: jovens garotas negras e suas mães, uns rapazes com pentes pendurados em seus cabelos despenteados; outros usando lenços, prostituas, jovens gangstas e dúzias de crianças. Alguns reporteres aguardam com os olhos cheio de lágrimas. Um policial louro, de olhos azuis para de pé ao lado de um garoto branco com uma tatuagem de uma nota de dolar em seu pescoço.

Cercada pela familia, Afeni sai da sala de operações, sua determinação se espelha em seu rosto. “Ela é uma mulher muito espirituosa. Eu acho que ela já sabia. Ela deu seu filho a Deus muito tempo antes do dia de hoje,” diz uma amiga da familia.

Um membro da banca de Tupac sai da sala de operações logo em seguida. Ele para em frente aos médicos e grita “Por que você deixou ele morrer?! Por que diabos você deixou ele morrer?”

Atrás dele, Yaki Kadafi, primo de Tupac, que sempre esteve ao lado de Tupac, sai da sala, o rosto vermelho. O artista da Death Row Danny Boy sai da sala também, lágrimas caem de seus olhos. Ele se ajoelha e começa a rezar.

O céu está um pouco vermelho. De repente 3 carrões aparecem e Suge Knight desce de um Lexus preto com uma camisa branca da Phoenix Suns, a ferida em sua cabeça mal dá pra ser notada. Sua presença faz todos se calarem. Ele entra na sala de operações abraçando Danny Boy pelo ombro e fala calmamente com membros da familia de Tupac. Sem o seu parceiro Tupac, Suge parece mais solitário. Após alguns minutos ele vai embora, dá mais um pega em um cigarro e só se ouvem sussuros enquanto ele parte.

                                                        Suge Knight chega ao hospital

Com o passar do tempo, a atmosfera do lado de fora parece festiva. Carros passam tocando as músicas de Tupac. Crianças correndo em volta de suas mães. Um garoto de bermuda e chinelo deita entre dois carros estacionados, olhando pros lados pra ver se alguém o nota.

A imprensa começa a fazer as malas. A multidão começa a dispersar. Uma Humvee preta circula o hospital tocando “If I Die Tonight” (Se Eu Morrer Essa Noite).

“Vou viver eternamente / Quem eu devo temer? / Não derrame uma lágrima por mim / Eu não sou feliz aqui.” A firmeza na voz de Pac é clara.

“Eu espero que me enterrem e me deixem descansar / Nos noticiários digam assassinato / Meu último suspiro…”

Essas estranhas rimas proféticas não eram raridades para Tupac, que para muitos estava ensaiando sua morte por muito tempo. Para ele, era o valor sobre a violência, destino sobre a morte. Mas mesmo que seus ouvintes foram avisados, eles ainda não estavam preparados. “Agora é real. Esse jogo perdeu seu carisma. Todas as besteiras que muito tem falado durante uns 5 anos, todas as tirações e exibicionismo, resultou nisso. O Hip-Hop cruzou a linha, e vai ser dificil pra voltar atrás,” disse o escritor da Vibe Robert Morales.


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